quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A crise como guerra


RIO DE JANEIRO - No discurso de fim de ano, Gordon Brown pediu aos ingleses um esforço de guerra para enfrentar a crise.Lula, por seu lado, pediu que os brasileiros continuassem comprando, com responsabilidade. Ressalva para evitar a euforia.

Mesmo assim são reações distintas diante de uma mesma crise. Explicam-se pelo distinto impacto nos dois países. Para ficarmos na metáfora bélica de Brown, basta lembrar que Londres sofreu mais que o Rio durante a 2ª Guerra. Na crise, bancos e instituições financeira entraram em colapso na Inglaterra, o que não aconteceu no Brasil.

Há, no entanto, um ponto em comum. Brown e Lula defendem investimentos públicos para dinamizar a economia e manter e, se possível, ampliar a oferta de empregos. Isso, na Inglaterra, valeu um aumento da popularidade dos trabalhistas, reconciliando o partido com grande parte de seu eleitorado.O esforço britânico é mais complexo. Deve ser articulado com a adaptação às mudanças climáticas. A Inglaterra é um dos raros países que cresceram reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.Obama encarna, de certa forma, esse encontro de Keynes com a ecologia. Nova política energética, abertura de milhares de empregos verdes. Além disso, promete um nível mais alto de ética na política e abertura para a participação, via internet.Será que todas essas tendências acabam dando nas praias brasileiras em 2010? Impulsionar a economia, via estado, já é disposição de Lula. Mas os candidatos à Presidência estão calados. Temem pedradas prematuras.As campanhas aqui são mais curtas que nos EUA. O silêncio prolongado dificulta a mobilização. Queremos mesmo tirar o processo eleitoral do conforto das poltronas diante da TV? Basta seguir comprando ou podemos fazer mais?Feliz 2009.


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